À medida que a idade avança, os obstáculos em nosso caminho passam a exigir músculos de halterofilistas. Como diria Nietzsche, “o que não nos mata nos fortalece”. Contudo, ao cruzar o limiar dos “enta”, nos perguntamos: será que precisamos ser tão fortalecidos assim?
Se na juventude os desafios eram como pulinhos de canguru, com o passar dos anos, eles se transformam em saltos de tigre. É como se a vida tivesse um senso de humor peculiar, oferecendo-nos maratonas quando já estamos esgotados de um simples passeio no parque.
Imagine só, se os problemas fossem como vinhos, estaríamos degustando rótulos mais encorpados. Envelhecemos e nossos obstáculos evoluem de pedras no sapato para montanhas no caminho, exigindo habilidades de alpinista. Mas aí reside a ironia: os anos nos trazem sabedoria, mas também nos deixam com menos fôlego para a escalada.
Talvez a grande piada cósmica seja essa: sermos exímios solucionadores de problemas justamente quando preferimos um bom descanso. Afinal, como escreveu Voltaire, “a vida é um naufrágio, mas não devemos esquecer de cantar nos botes salva-vidas”. E assim seguimos, enfrentando os desafios crescentes com um sorriso sardônico e a esperança de que, em algum momento, a vida nos permita um intervalo para um café tranquilo.