Foi na Agrishow de 1996 que a agricultura de precisão começou a se destacar como um divisor de águas no agronegócio brasileiro. Naquela época, o setor já mostrava sinais de transformação, mas poucos imaginavam o rápido impacto que a tecnificação traria à lavoura e, por consequência, para o desenvolvimento do Brasil. Como repórter de agronegócio, na época eu viajava por todo o país testemunhando o surgimento de novas fronteiras agrícolas e observando de perto como a tecnologia estava moldando o futuro da agricultura e da pecuária.
A introdução de sistemas de GPS, sensores e softwares de monitoramento e gestão não só otimizou a produção como também levou a um aumento significativo na produtividade das lavouras. O Brasil, que já possuía uma vocação natural para o agronegócio, começou a se destacar como potência agrícola global. Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Pernambuco, o oeste da Bahia e Piauí, áreas consideradas de solo pobre de nutrientes e de baixa produtividade, passaram a despontar como novos celeiros agrícolas, impulsionados pela adaptação de culturas tradicionais como algodão, soja, milho e café. Ou seja, ferramentas de Inteligência Artificial não são novidades no agronegócio.
Esse avanço, no entanto, não seria possível sem a atuação estratégica da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A instituição desempenhou um papel fundamental na adaptação de culturas a regiões antes consideradas inadequadas para cultivo como o semiárido, por exemplo, através de pesquisas voltadas para a melhoria genética e a correção do solo. O resultado foi um aumento expressivo na produtividade e na qualidade e na diversidade dos produtos agrícolas brasileiros, gerando riqueza e desenvolvimento para essas regiões.
Mas os desafios da modernização agrícola não se limitam à produtividade. Com o crescimento da agricultura intensiva, surgiu também a necessidade de equilibrar o avanço incorporado pela tecnologia com a preservação do meio ambiente. O conceito de agricultura verde, que visa a produção eficiente e sustentável, tornou-se cada vez mais relevante. A busca por práticas que respeitem os ecossistemas naturais, minimizando o impacto ambiental, é crucial para garantir a longevidade do agronegócio nacional.
Em resumo, o futuro do setor dependerá da capacidade de conciliarmos eficiência produtiva com a responsabilidade ambiental, permitindo que a agricultura e a pecuária continuem a prosperar sem comprometer o meio ambiente. Dá para fazer as duas coisas com eficiência. Afinal, a revolucionária Inteligência artificial serve para que?